A colaboração entre pesquisadores no sumário de biocombustíveis do IPCC

Após dois anos de estudos, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), das Nações Unidas, publicou em agosto o Relatório Especial sobre Mudança de Clima e Solo. O relatório foi elaborado por 107 cientistas de 52 países, que revisaram mais de 7 mil artigos sobre uso da terra e mudanças do clima e analisaram cenários de desertificação, degradação ambiental, segurança alimentar, biocombustíveis, conservação dos ecossistemas e gestão de sustentabilidade.

Após divulgada a versão preliminar do Sumário para Tomadores de Decisão (Summary for Policy Makers, SPM) teve início uma intensa articulação para adequar o texto ao corpo de estudos realizados. Cientistas brasileiros entenderam que o sumário trazia restrições em relação à bioenergia que não eram precisas em relação aos dados analisados no relatório principal, baseadas em valores equivocados de produtividade e disponibilidade de áreas de cultivo. O sócio da Agroicone, Marcelo Moreira, foi um dos pesquisadores que contribuiu à distância com a representação do Itamaraty, em Genebra, para o capítulo sobre biocombustíveis.

O esforço conjunto para uma análise rigorosa dos dados e recomendações adequadas para a mudança energética global teve resultados, com um texto final do sumário que reflete melhor o estado atual da ciência em relação à bioenergia. A colaboração entre cientistas, professores, pesquisadores, diplomatas e servidores públicos federais foi decisiva para a publicação final de um documento que reflete todo o estudo realizado em dois anos, ao apresentarem argumentos embasados que convenceram os autores do sumário a realizar essas correções.

O uso dos biocombustíveis tem se mostrado uma alternativa importante para reduzir os efeitos dos gases de efeito estufa, e as pesquisas estão progredindo no sentido de orientar essa expansão para que não venha a degradar o solo, comprometer a segurança alimentar e os recursos hídricos. Na opinião de Marcelo, a diversificação de fontes renováveis e de países produtores tem potencial para promover a segurança energética do planeta com desenvolvimento socioeconômico e conservação ambiental. “Além dos impactos econômicos e ambientais, o uso do solo para bioenergia produz efeitos sociais positivos, porque promove o desenvolvimento de regiões com potencial para a agropecuária, e desse modo podemos considerar como solução democrática de transição energética”, observa ele.

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